quarta-feira, 9 de abril de 2008

Recordo-te



Recordo-te.
Recordo-te aqui, tão longe.
Ontem, a meu lado, segredaste-me beijos no amor que me deste,
Hoje, a meu lado, agora, não te sinto. Onde estás?
Vejo-te. Mas, onde estás?
"Estranho", defines tu... defino-te eu.

Agora que voltaste sinto-me só.

Recordo-te.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Tempo de viver




"Ando sem paciência nenhuma para pessoas novas. Por mais que me pareçam isto ou aquilo... (quase) todas vão parar ao mesmo: nada. E um pouco de mim fica em nada, também.
Por isso, para me poupar.. vou dar os "pedacinhos de mim" a quem os sabe guardar."
Disse eu.


"Pessoas novas a aparecer, com conversas e promessas de novidade. Acreditas nelas até ao momento que vês o mesmo de sempre, o tal "novo" que já está velho e gasto.
E, com o tempo, reparas que o que precisas não cresce naquele terreno. As tuas raízes não te nutrem, nem te conseguem alimentar ali. E tens que te colocar noutro terreno, um em que possas vir a dar flor e fruto."
Pensei eu.


"Quando digo um pedacinho de mim.. é dum pedacinho de esperança, que falo. Quando se precisa e se sente falta, não há botão on e off para desligar a necessidade. Ela está sempre lá, a cada batida do coração, a cada fluxo de sangue ao cérebro.
E mesmo que saibas para o que vais, mesmo que tenhas a certeza do que vais ver e ter, há sempre aquele pedacinho que espera ser surpreendido.. e que se vai perdendo, por não o ser.
É isso que não quero perder!"
E mudei.



P.S. Até uma próxima. Não sei se próxima ou distante. Agora preciso de tempo, não para te procurar, mas para viver-me.

domingo, 30 de dezembro de 2007

O regresso

Há uns meses atrás conheci-te. E quando te conheci, esperava não mais que uma singela frase… mas começamos a escrever uma história.

Ficou estagnada, a história, porque tiveste que partir. A vida já assim o havia decidido...
Seguiram-se meses de páginas em branco, em que apenas se podem contar ou os dias, ou uma e outra conversa solta. Até ao teu regresso.
E regressaste...


Mal te soube recém-chegado do outro lado do oceano, pedi-te:
- Vamos continuar a escrever a nossa história? Os capítulos anteriores já os sei de cor, relembro-me deles vezes sem conta. Faltam-me os próximos!
- Fim!... - respondeste-me tu.

E ficou, para a minha história, a nossa história.





"- Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram... - Não encontram, respondi... - E no entanto o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d'água... - É verdade. E o principezinho acrescentou: - Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..."
Saint-Exupéry (O principezinho)
Pintura: Persistência da Demora - Salvador Dali

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A sonhar

A quinta noite consecutiva que sonhei contigo.

Sonhei que nos tinhamos reencontrado.
Que me tinhas procurado. Que me tinhas tocado.. que eu te tinha tocado... Que nos tinhamos beijado, aquele beijo que todos estes meses senti falta. Aquele beijo que se renovou estas cinco noites, e a cada vez o primeiro! Aquele beijo que acordou repetidamente o que adormeceu quando tu partiste.

E aí acordei... mas tu não partiste de mim.

Sorri, num sorriso magoado, com direito a lágrimas.
Cada lágrima, uma tentativa de expurgar lembranças. E a cada lembrança uma tentativa de construção duma melhor mentira. Dou-lhe de nome esperança.
E é ela, a esperança, que me engana e me faz acreditar, acordado ou a dormir, que estás comigo. Que não estás longe... Mas estás!

Tão longe que as minhas palavras já não te conseguem alcançar. Perdem-se no silêncio do caminho. Caminho que deixou de ser nosso, caminho esse que se perdeu: já não sei como chegar a ti.

Fechei os olhos de novo.
Desprendeu-se mais uma lágrima. Senti-a correr pela pele... enquanto me beijavas outra vez.


"Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...

(...)

Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho.- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo..."

Saint-Exupéry (O principezinho)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Hoje

Hoje, olho para a frente, e sinto-me só.
Não te vejo.
Outrora via-te, ali, de braços abertos...
Primeiro, baixaste-os. Depois, o teu sorriso rasgado foi substituído pela indiferença de quem se esqueceu. E viraste costas.

Não foste em frente… saíste para o lado! Para qualquer lado.
Deixaste-me só no meu futuro. Como já me tinhas deixado no presente, sem eu me aperceber! Sem eu me querer aperceber...
Contudo, tenho-te em mim… bem guardado. Fazes-me sorrir e chorar, ainda! Mais chorar que sorrir, agora... Mas, ainda assim, hoje, quero-te manter aqui dentro.


"- O que é que "estar preso" quer dizer - disse o principezinho? - É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.- Laços?- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo..."

Saint-Exupéry (O principezinho)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Procura



Não sei usar palavras bonitas…
Mas sei usar sentimentos bonitos.
São esses sentimentos que quero acordar!
As palavras bonitas são ocas sem eles.

A minha procura é pelo simples…
Com a frontalidade e a inocência de uma criança de olhos brilhantes…
Que ainda não teve tempo de amargar com os obstáculos da vida.

E, no hoje do rodeio e do complexo,
Em que o medo e a máscara criam império,
Eu preciso de um sentimento corajoso e sincero!
Preciso de um sentimento sentido e soletrado…
Preciso de te ouvir, de te ver, de te sentir… da entrega!

Empatia, comunhão, amizade, amor:
Tenho tudo isto para ti... e tanto mais!
Em troca peço-te o teu lado bonito e, repito, simples.
Aquele que até poderás ter esquecido que tens.
Aquele em que és puro... e único,
Aquele que me faz prender a ti.


"E então voltou para o pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer."

(O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry)